sábado, 30 de novembro de 2013

A antífona que abre o Advento

“A vós, meu Deus, elevo a minha alma. Confio em Vós, que eu não seja envergonhado! Não se riam de mim meus inimigos, pois não será desiludido quem em Vós espera” (Sl 24,1-3).

Ah, a Liturgia! Que lições, que intuições, que sentimentos inexprimíveis de tão ricos, ela nos faz experimentar!

 As palavras acima, do Salmo 24, são a antífona de entrada (o Intróito) da Missa do primeiro Domingo do Advento. Pare e pense um pouco, antes de continuar a leitura... Tente descobrir sozinho: o que estas palavras têm a ver com o Advento e com o Natal? Por que a Igreja as colocou aí? Pense um pouco... A Liturgia só pode ser saboreada se a gente aprender a pensar com o coração...

 Observe bem: o Advento é tempo de preparar a celebração da Vinda do Senhor em Belém e de preparar-se para a Vinda Dele na Parusia, na Glória final. Por isso mesmo a primeira palavra da antífona é fortíssima: “A Vós, Senhor, elevo a minha alma!” É o fiel, é a humanidade, que tira o olhar do próprio umbigo, da própria autossuficiência, e, reconhecendo-se pobre, eleva a alma, a vida ao Senhor, esperando Dele a salvação! Já aqui, se coloca a atitude fundamental com a qual devemos viver o Advento: a espera vigilante, como a amada que espera o amado, como a terra que espera o sol, como o vigia que espera a aurora... Feliz daquele que sabe erguer os olhos para o Alto, que sabe abrir-se para o Eterno, que sabe esperar no Senhor! Triste do homem fechado em si mesmo, voltado para o próprio umbigo, atolado no seu dia-a-dia, sem tirar os olhos da terra...

 Depois, a antífona nos joga em cheio no drama da vida: quantos inimigos exteriores e interiores temos, quantas contradições, quantos perigos de cair, de perder o rumo, de fracassar na existência! Somo tão pobres, tão quebrados, tão frágeis... Tão incerto é nosso caminho sobre esta terra de exílio... “Confio em Vós, que eu não seja envergonhado! Não se riam de mim meus inimigos!”

 Esta consciência da nossa miséria, esta percepção de que temos um coração de águia, olhos de águia, mas umas asinhas curtas apenas como as de pardal, é a condição essencial para nos descobrirmos pobres diante de Deus e, então, gritar: Senhor, vem salvar-nos! Senhor, precisamos de um Salvador! Sem Tua presença, a humanidade se perde, o homem se destrói, seremos sempre frustrados, seres fracassados no mais profundo de sua existência! É isto que esta antífona comovente nos quer fazer compreender e experimentar.

Mas, observe como ela termina com a proclamação de uma certeza certa: “Não será desiludido quem em Vós espera”. Não será desiludido quem coloca sua esperança no Senhor, quem vigia esperando o Cristo que vem! Deus é fiel: mandou-nos o Seu Cristo e Ele estará para sempre em nosso meio! Aquele que sabe reconhecer Sua presença e vive na Sua verdade, de esperança em esperança, não ficará envergonhado no Dia da Sua Manifestação gloriosa. Lições assim, tão profundas, tão saborosas, tão verdadeiras, somente a Liturgia pode nos dar! Quem dera que soubéssemos percebê-las e saboreá-las...


Feliz Advento a todos!


O Santo Advento

Neste Domingo a Igreja começa a celebrar o santo tempo do Advento, que abre o novo ano litúrgico e nos prepara para o Natal. Trata-se de um período composto por quatro semanas nas quais a Igreja pode muito bem exprimir seus sentimentos com as palavras da esposa do Cântico dos Cânticos: «Eis a voz do meu Amado! Ele vem correndo pelos montes... Meu Amado é meu e eu sou Dele!» (2,8s.16). Ele vem vindo, o Amado, «porque Deus amou tanto o mundo que entregou o Seu Filho único» (Jo 3,16) para ser o Esposo da humanidade, o Salvador do mundo. O Autor da Epístola aos Hebreus exprimiu isso de modo muito profundo: «Muitas vezes e de modos diversos falou Deus, outrora, aos Pais pelos profetas; agora, nestes dias que são os últimos, falou-nos por meio do Seu Filho, a Quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e pelo Qual fez os séculos» (1,1-2). Efetivamente, Deus já não nos manda um mensageiro, um intermediário, um presente... Ele vem pessoalmente no Seu Filho, vem Ele mesmo ser o Emanuel, o Deus-conosco! Por isso o homem pode ter a certeza que não mais está só, que não mais pode se sentir desamparado, esquecido, perdido... Apesar de tanta dor e sofrimento ainda existentes no nosso mundo!
Mas, aprofundemos um pouco mais. O Advento insiste e celebra e espera do Salvador. Ele foi esperado ansiosamente, de modo que não é somente o Enviado do Pai, mas também o Desejado por nós! Mais que o vigia pela aurora, mais que a terra pelo sol nascente, mais que a flor pelo orvalho, nós o esperamos.
Primeiramente, esperado por Israel, o Povo eleito, porque Deus O prometera a Abraão, aos Patriarcas, a Moisés, a Davi, aos Profetas. E quando Deus promete, não falha jamais! Tantas páginas das Escrituras de Israel falam deste Esperado! Como esquecer as palavras do velho Jacó, no leito de morte, já cego? “Judá, teus irmãos te louvarão, tua mão está sobre a cerviz de teus inimigos e os filhos de teu pai se inclinarão diante de ti. O cetro não se afastará de Judá nem o bastão de chefe de entre seus pés até que venha Aquele a Quem pertencem e a Quem obedecerão os povos” (Gn 49,8-10). E as palavras de Deus a Davi? “O Senhor te diz que Ele te fará uma casa. E quando os teus dias estiverem completos, farei permanecer a tua linhagem após ti, gerada das tuas entranhas e estabelecerei para sempre o seu trono. Eu serei para Ele um pai e Ele será para mim um filho” (2Sm 7,11ss). Deus prometeu, jurou a Israel pela Sua fidelidade: “A virgem vai conceber e dará à luz um filho e Seu nome será Deus-conosco!” (Is 7,14). Até pela boca de um feiticeiro pagão, um tal de Balaão, Deus prometeu: “Eu vejo, mas não para já, eu contemplo, mas não para perto: uma Estrela sai de Jacó e um cetro se levanta de Israel” (Nm 24,17). Por isso mesmo, Israel esperou, acreditou, implorou: “Céus, deixai cair o orvalho das alturas, e que as nuvens façam chover a justiça; abra-se a terra e germine a salvação!” (Is 45,8); “Senhor, Tu és o nosso redentor; Eterno é o Teu Nome! Ah! se rasgasses os céus e descesses! As montanhas se desmanchariam diante de Ti!” (Is 63,19). Nos momentos de alegria, Israel esperou; e esperou também nos momentos de trevas e de dor! É esta espera comovente, insistente, teimosa, que a Igreja celebra e revive no Advento!
Mas o Salvador que Deus nos enviou foi também esperado pelos pagãos, por todos os povos! É uma idéia que nem sempre recordamos e, no entanto, é um aspecto importante do Advento: os pagãos desejaram o Salvador! Eles não conheciam as promessas de Deus, não conheciam o Deus verdadeiro; não sabiam nada a respeito do Messias... Mas tinham e têm ainda no coração um desejo louco de paz, de verdade, de vida, de amor... Sede que Deus mesmo colocou nos seus corações para que sem saberem, às apalpadelas, buscassem Aquele único que pode dar repouso ao coração humano. É isso que Mateus quer dizer quando nos conta a visita dos Magos: eles vêm de longe, seguindo a estrela do Menino; esperavam e agora o procuram: “Vimos a Sua estrela e viemos adorá-Lo!” (Mt 2,2)! Esses Magos representam os pagãos todos, todos os homens e mulheres de boa vontade que, seguindo sua consciência, sem saber, procuravam o Salvador. Pensemos em tantos santos pagãos do Antigo Testamento: Noé, Melquisedec, Jó... Pensemos em tantos sábios das várias culturas: Buda, Confúcio, Maomé, Sócrates e tantos outros, tão numerosos que somente Deus pode contá-los... Todos esperam Aquele que é a verdade, a luz que ilumina todo homem que vem a este mundo! Também estes a Igreja recorda neste tempo do Advento.
Esperado por Israel, esperado pelas nações, o Salvador também foi esperado pela criação toda! É admirável e sublime! Se tudo foi criado através Dele e para Ele (cf. Cl 1,15), tudo traz em si Sua marca, a saudade do encontro com Ele! A Mãe católica, num êxtase emocionado, canta assim, nas vésperas do Natal: “Saúdam Vossa vinda /o céu, a terra, o mar /e todo ser que vive /entoa o seu cantar!” É toda a criação que o espera! Tudo, desde o início, caminha para Ele! Desde quando explodiu o universo, iniciando a festa, o baile da existência; desde quando as galáxias se formaram; desde quando nosso sistema solar, nosso planeta foram delineados... Tudo caminha para Ele... Passo a passo, lentamente, aos olhos da eternidade de Deus: e a vida surgiu na terra, tímida, pequena, frágil... Depois, a vida animal; depois o homem... Tudo caminhando para Ele, para noite de Belém e, um dia, que será o Dia, caminhando para o Cristo Ressuscitado, que virá em glória! É porque tudo caminha para Ele que o botão se abre em flor, que a vida teima em brotar, que o universo se expande! Também esta espera cósmica é celebrada pela Igreja nestes dias de Advento! Que também nós entremos na festa, na espera, na esperança... E abramos o coração para Aquele que vem – o Enviado, o Esperado, o Rei que vai chegar!


sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Rito para o Natal em família

Noite de Natal

O pai: Hoje todo o mundo alegra-se pela vinda do Salvador à terra, na nossa pobre condição humana.

Os filhos: Nós, como família, alegramo-nos e festejamos este extraordinário acontecimento.

Coloca-se o Menino Jesus no presépio e canta-se “Noite feliz”.

A Mãe: Adoremos o Cristo que desceu para nos salvar!

Todos: O Verbo se fez carne e habitou entre nós! Jesus por nós nasceu, vinde todos adoremos!
A Mãe: Jesus, vós que fostes criança como todos nós, concedei-nos nesta Noite Santíssima um coração de criança para que possamos ser sempre felizes, confiantes e cheios de ternura e afeto para com todos. Ó vós, que sois Deus com o Pai e o Espírito Santo pelos séculos dos séculos. Amém.

Todos: Pai nosso e Ave-Maria.

O pai, estendendo as duas mãos sobre a família, sem fazer o sinal da cruz, enquanto a mãe coloca a mão sobre o ombro do esposo:

Meus filhos, em nome do Senhor, nesta Noite Santa eu abençoo! Abençoe-vos o Deus todo-poderoso, Pai e Filho e Espírito Santo!

Todos: Amém.

Pode-se cantar um canto de Natal.


Rito para o Advento em família - 2

Rito para a celebração em família

A Coroa pode ser colocada na sala de visitas ou na sala de jantar. Antes do jantar do domingo, a família reúne-se me torno dela.

Primeiro Domingo

O pai: Pai santo, hoje começa o tempo de preparação para a festa do nascimento do Vosso Filho. Suplicamo-vos que abençoeis esta Coroa e concedais graças abundantes a todos nós que, com alegria e esperança, vigiamos nos preparando para o Santo Natal. Que este ano seja para nós uma nova oportunidade para buscar a coroa que nos aguarda no céu. Por Cristo, nosso Senhor. Amém

O pai de família acende a primeira vela.

A mãe: Senhor, despertai em nós o desejo de nos preparar para a vinda do Cristo através da prática das boas obras, para que, colocados um dia à sua direita, mereçamos possuir o Reino dos Céus. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Os filhos: Senhor Pai Santo, com a luz do vosso Filho que veio em nossa carne mortal, abençoai a nossa família, dai-nos todo bem e toda graça e conservai-nos sempre na vossa paz, para que nosso lar seja sinal e fermento do Reino dos Céus. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Todos: Pai-nosso e Ave-Maria...
Pode-se cantar um canto de Advento.


Segundo Domingo

O pai: Preparemos o caminho do Senhor! Pai santo, fazei que não sejamos frios e indiferentes em relação aos nossos irmãos e amigos. Fazei-nos encontrar tempo para escutar os nossos filhos. Fazei que os filhos obedeçam e acolham seus pais. Tornai-nos generosos para com os pobres. Senhor Deus, dai-nos um coração disponível e capaz de vos servir nos nossos irmãos. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Os filhos: Que o Senhor nos ajude a crescer no nosso amor por todos os irmãos para que nos encontremos unidos quando vier o Dia da vinda do Nosso Salvador Jesus Cristo!

Um filho acende a segunda vela.

A mãe: Senhor nosso Deus, que a nossa bondade seja um testemunho do vosso amor por todos, vós que nos amastes até nos enviar o vosso bendito Filho. Ele que vive e reina para sempre. Amém.

Todos: Pai-nosso e Ave-Maria
Pode-se cantar um canto de Advento

Terceiro Domingo

O pai: Senhor, fazei resplandecer a esperança de um futuro de paz para nós e para toda a humanidade. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Os filhos: Pai santo, agora que se aproxima o Natal do Cristo Jesus, fazei-nos viver de maneira digna da vocação cristã, com toda humildade, mansidão e paciência, suportando-nos uns aos outros com amor, procurando conservar a unidade no vínculo da paz. Fazei-nos mansos, castos, puros e conservai-nos piedosos para o Dia da Vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo. Pelo mesmo Cristo nosso Senhor. Amém.

A mãe: Senhor nosso Deus, guardai esta família que espera com fé a celebração do Natal do vosso Filho bendito e concedei-nos festejar o grande mistério da nossa salvação com um coração novo e imensa alegria espiritual. Por Cristo nosso Senhor. Amém.

A mãe acende a terceira vela.

Todos: Pai-nosso e Ave-Maria.
Pode-se cantar um canto de Advento

Quarto Domingo

O pai: Vós, Senhor nosso Deus, falastes ao coração da Virgem Maria e ao humilde José. Não vos dirigistes aos grandes do mundo. Não houve meios de comunicação para divulgar a notícia da vinda do vosso Filho ao mundo.

Os filhos: Senhor nosso Deus e Deus de nossos pais, fazei-nos compreender e admirar o “sim” da Virgem Maria e, como ela, saibamos aceitar a vossa vontade. Nós vo-lo suplicamos por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Um filho acende a quarta vela. Enquanto acende, o pai e a mãe colocam a mão direita sobre o ombro do mesmo.

A mãe: Senhor, infundi a vossa graça em nosso coração, para que conhecendo a Encarnação do vosso Filho pelo anúncio do Anjo, cheguemos, por sua paixão e cruz, à glória da Ressurreição. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Todos: Pai-nosso e Ave-Maria.
Pode-se cantar um canto de Advento.